NAS RUAS DA VIDA
"Eu sou Scarlet. Não sou daqui da Bahia, sou de Sergipe, e vivo hoje, atualmente, em situação de rua na cidade de Salvador. Tenho 25 anos de idade. Eu vivo aqui na cidade, passo por vários conflitos, preconceitos por causa da minha opção sexual. Mas também, assim, tenho um pouco de felicidade, né, porque eu conheço pessoas novas e tudo mais". A jovem, que é formada em Terapia Ocupacional, assumiu a orientação sexual aos 14 anos, quando começou a ter conflitos familiares. Com 17, passou a ser usuária de substâncias psicoativas como crack, cocaína e heroína.
"Eu cheguei até a me prostituir, a fazer programa para sustentar meu vício porque quando eu começava a usar drogas, eu tinha uma compulsão muito grande e eu queria usar, usar, usar e não parava", revela.
Ela conta que morava com os pais em Sergipe. Depois da separação deles e o uso abusivo de drogas, os conflitos dentro de casa aumentaram e motivaram a ida para as ruas. "Hoje é uma das coisas mais difíceis que eu estou tentando lidar é com a minha própria família, por causa dos conflitos que foram gerados devido ao resultado do meu uso de drogas. Eu perdi o controle e foi na época que eu fui viver em situação de rua e eu acabei migrando para dentro de Salvador", conta.
Há 1 ano e 10 meses e 23 dias sem fazer uso de substâncias psicoativas, Scarlet dorme em uma calçada na região da Cidade Baixa, junto com outros colegas, e durante o dia atua como pesquisadora do projeto 'Cartografias dos Desejos e Direitos', que faz o mapeamento das pessoas em situação de rua. "É um trabalho em que eu vou ser remunerada por isso. Eu passo o dia fazendo essa pesquisa, lá com a equipe. À noite estou aqui, pelo menos atualmente, não sei daqui pra frente", conta.
Ainda sem contato com a família, Scarlet tem o sonho de, um dia, trabalhar na área em que se formou. "Às vezes eu fico até triste. Eu estudei tanto, passei quatro anos numa faculdade e hoje eu não exerço a minha profissão por causa de barreiras que me impedem. Eu pretendo exercer minha profissão, ter minha casa, minha família, melhorar o contato com a minha família e ser feliz", planeja.
(...)
Danutta Rodrigues, G1, Bahia, 15/06/2017, 08:44 hs
Cada um vivendo o seu drama...
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