ÉTICA E CLÍNICA
Falamos de um equipamento em saúde mental desprezado pela política "direita", moral, estatal. Em psicopatologia, a clínica da diferença busca atuar em linhas existenciais desprezadas pela razão. Lida com o incurável, o imprestável e com discursos submetidos às formações de poder. Escapa da raia dos esquerdismos espertos. Anda na espreita. Requer um desejo não apoiado na realidade objetiva pois o desejo é a própria realidade objetiva. No universo sedutor-violento do capital aposta num trabalho com pacientes graves e capta o ritmo das canções sem dono. Tudo é impessoal e coletivo. O Caps torna-se, pois, a busca de saídas não cadastradas pela psiquiatria canônica. A ótica da diferença surge na condução prática de cotidianos insólitos. Uma ética precede a técnica. Quem suporta tomar o processo social como processo subjetivo? O tempo não volta. As lutas antimanicomiais vivem no estágio zero da experiência da loucura. Ou nada.
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