sexta-feira, 8 de março de 2019

POR QUE MATAM MULHERES?

Tudo começa lançando ao vento uma pergunta quase sempre evitada, sob o rótulo de “crime machista”: Por que as matam?

Os homicídios classificados como “violência de gênero” abrangem em média 60 mortes de mulheres por ano na Espanha. Desde o caso do sujeito que um belo dia deu um golpe mortal na cabeça de sua mulher e depois a esquartejou para se livrar do cadáver até o do bom pai com o divórcio atravessado na garganta que uma noite, cheio de raiva, entra na casa dos sogros e esfaqueia toda a família. Passa também pelo bandidão da cidade que flerta com drogas, de vez em quando perde a cabeça, entra e sai da prisão e acumula mandados de afastamento que não cumpre — inclusive com o consentimento dela —, até que um dia perde a cabeça de vez e acaba matando-a.

Diante da ideia generalizada — e ensinada nas universidades — de que a violência de gênero implica uma escalada (tensões, agressões verbais, físicas, falsa lua de mel e manipulação emocional...), existe um dado novo e desconcertante: em 45% dos casos os homens que assassinaram seu par não tinham nenhum antecedente violento conhecido; entrariam num amplo grupo que pode ser classificado como de agressores “eventuais”, e, portanto, imprevisíveis.

O rótulo global de “violência de gênero” inclui todos os “homicídios de casal” e se mostra útil para fazer esta contabilidade macabra, mas inútil para detê-la, porque o número mal varia ano após ano. Na Espanha, cerca de 60 assassinatos por ano. Já no Brasil, segundo o Mapa da Violência 2015 sobre Homicídios de Mulheres, ocorrem aproximadamente 5.000 feminicídios por ano, uma taxa de 4,8 para 100.000 mulheres — a quinta maior do mundo e um aumento de 111% com relação a 1980, quando a proporção de feminicídios era de 2,3 para 100.000 mulheres, segundo o estudo.
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Patricia Ortega Dorsz, El País, Madri, 09/07/2017, 14:47 hs

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