PANDEMIA E PANDEMÔNIO
Tentando pensar a saúde mental no contexto do covid, há várias linhas de análise. Uma delas, talvez a mais evidente, é do significante "morte". Posta como modelo do-vírus-que infecta, sobrevoa a todos como um fantasma. As tecnologias da imagem fazem disso um sentimento. Ora, se o que move os processos subjetivos é o sentimento ("sinto que vou viver", "sinto que vou morrer"), a Realidade é o que vem de fora, e mais, o próprio Fora. Impossível discutir "saúde mental" sem considerar esse Fora (o mundo) que é onde tudo começa e termina. Sob as condições atuais do covid, esse mundo traz o modelo da morte como objeto ou objetivo a nos abater, mesmo que o vírus, de acordo com as estatísticas, tenha uma baixa taxa de letalidade. Não importa. O essencial da informação/comunicação imagética é a chegada de uma certa representação da morte que contagia o psiquismo com efeitos diversos, entre eles, a paranóia, a depressão, a angústia e a fobia. Assistimos, então, a uma espécie de implante diário de uma vivência/percepção de que "estar vivo é estar morto". Esta seria uma formulação absurda se a Consciência, ou seja, se os elementos do bom senso comandassem as ações humanas, mormente no campo da política. Mas as coisas não funcionam assim, ao contrário.
A.M.
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