terça-feira, 14 de julho de 2020

O CORPO INVISÍVEL - III

Segundo publicação da ONU de 2018, 822 milhões de pessoas passam fome no planeta. Esse é "apenas" um índice social (comer para sobreviver) mas que expõe cruamente as condições de vida da população mundial. A pergunta: uma revolução sem guerra findaria tal aberração ética? "você tá brincando", diz um amigo mordaz. Ora, as esquerdas até que tentaram e hoje vegetam no adiamento eterno da Revolução (com guerra, claro). Quando ela virá? Quando será? A ideia de revolução tornou-se um fantasma adornando consciências sensíveis. Mas a questão é que não há mais consciência a não ser como ferramenta para as tarefas do cotidiano. Foi ao banco? Pagou as contas? Se não há mais consciência, o que há? Em tempos internéticos e midiáticos, tempos do império da tecnologia da imagem, só há o corpo-pensamento, o corpo invisível à altura dos jogos de poder e de contrapoder. Um Deus-pensamento-corpo é tão veloz como o pensamento sem imagem, aquele do vampiro, espírito traduzido em músculos, ossos, sangue e visceras. Esta é a condição de possibilidade para uma luta invisível enfiada na mente dos corações enjaulados. Tudo passa então pelo processo desse  tornar-se invisível, mais invisível ainda para um corpo já invisível. Intensificar o movimento contínuo dos corpos entre si. Isso gera signos para uma verdade ainda desconhecida, a ser inventada. Mas quem a suporta?

A.M.

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