O CORPO INVISÍVEL
A figura de Deus tomada como uma pessoa, ou mais precisamente, como uma Forma, nos remete a uma discussão infértil e rebaixada a um pensamento da representação, ou seja, do previamente designado, manifestado, significado em algo, no caso, um Ser Supremo. No entanto, o exercício do pensar sem limites prévios, o pensar-aventura, " seguindo sempre a linha de fuga do vôo da bruxa" implica em assumir o processo de pensar vindo de fora do sujeito. Este não pensa. Algo (invisível) é que o força a pensar: pode ser qualquer coisa, ou seja, um signo. Pensar, portanto, é uma atividade mental que ultrapassa as coordenadas de um eu ou de uma consciência, em prol da exposição dos mesmos aos signos que compõem a realidade. Esta é feita de signos e há sempre exposição a eles. Mesmo na solidão mais extrema, o pensamento é extraído das imagens-signos que rodopiam em torno da experiência de si consigo mesmo, Neste sentido, a concepção de Deus ou de um Deus, para ser inteligente (leia-se: criativa) compõe-se de uma aura invisível dotada de uma velocidade infinita ao ponto de que para pensar é preciso enlouquecer (não como psicose ou outro transtorno, mas como singularização) sob os efeitos de um espírito que nos constitui como corpo. Esse corpo não é o corpo "encarnado" de que falam os espíritas, mas o espírito como o corpo (não o organismo) em si mesmo, o corpo espiritual ou o espirito corporal, aquilo que move os processos enigmáticos e expansivos da vida. Resumindo,o conceito de Deus abrange um complexo de forças que se multiplica como espírito que se multiplica como corpo que se expressa como o sem-forma. O corpo é Deus.
A.M.
Nenhum comentário:
Postar um comentário