quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

AMAR É CRIAR

Meu ideal, quando escrevo sobre um autor, seria não escrever nada que pudesse afetá-lo de tristeza, ou, se ele estiver morto, que não o faça chorar em sua tumba: pensar no autor sobre o qual escrevemos. Pensar nele de modo tão forte que ele não possa ser mais um objeto, e tampouco possamos nos identificar com ele. Evitar a dupla ignomínia do erudito e do familiar. Levar a um autor um pouco da alegria, da força, da vida amorosa e política que ele soube dar, inventar. Tantos escritores mortos devem ter chorado pelo que se escreveu sobre eles. Espero que Kafka tenha se alegrado com o livro que fizemos sobre ele, e foi por isso que esse livro não alegrou ninguém.

Gilles  Deleuze em Diálogos

Nenhum comentário:

Postar um comentário