Ao exame, ir na direção dos afetos. Afetos do mundo, inumanos,raros, cósmicos, opacos, que constituem um estilo esquizofrênico. Eles sustentam o contato com o paciente e trazem subsídios para o diagnóstico. O pensamento vem depois. O delírio vem depois. Não um “depois” relativo a um tempo espacializado, mas à intensidade do Encontro. Sendo assim, ele sempre vem “junto” aos afetos, impulsionado por estes. Sabemos, a partir de Szasz, que a esquizofrenia não existe, mas o esquizofrênico sim. O esquizofrênico é o que diz “não tenho pai/nem mãe”. Que significa esse antifamiliarismo exposto na clínica em suas várias formas? O esquizofrênico é o louco dos tempos atuais, o limite absoluto da psiquiatria.Não costuma ser respeitado, não é considerado em seu universo próprio de delírios ininteligíveis. É reduzido a uma expressão simples de disfunção neuro-cerebral. Ah, os fatores psicossociais... serão considerados como um depois. Assim, a esquizofrenia acaba sendo um depositário de incertezas alimentadas pelo poder de decidir sobre outrem. A submissão é interiorizada e digerida. Sem problemas (...)
Antonio Moura
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