quarta-feira, 21 de dezembro de 2011


ESQUIZOFRENIA DA CLÍNICA

Ao exame, ir na  direção dos  afetos. Afetos do mundo, inumanos,raros,  cósmicos, opacos,  que  constituem um estilo esquizofrênico. Eles sustentam  o  contato com o paciente  e trazem subsídios para  o diagnóstico. O pensamento vem depois. O delírio vem depois. Não   um “depois”  relativo  a  um  tempo   espacializado, mas  à  intensidade do Encontro. Sendo assim, ele  sempre  vem “junto” aos  afetos, impulsionado por  estes.  Sabemos,  a partir  de Szasz, que  a esquizofrenia não existe,  mas   o  esquizofrênico   sim. O esquizofrênico é o  que   diz “não tenho pai/nem mãe”. Que  significa   esse antifamiliarismo exposto na  clínica  em  suas  várias  formas? O esquizofrênico é  o louco dos  tempos  atuais, o limite absoluto  da psiquiatria.Não  costuma  ser  respeitado, não é  considerado em seu universo  próprio de  delírios ininteligíveis. É reduzido a uma  expressão simples  de disfunção neuro-cerebral. Ah, os  fatores  psicossociais... serão considerados  como  um depois. Assim, a esquizofrenia acaba  sendo um depositário  de incertezas alimentadas pelo poder  de decidir  sobre  outrem.  A submissão é interiorizada e digerida. Sem problemas (...)

Antonio Moura

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