quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

ESTILHAÇOS DO EU

Eis aí, estou sozinho aqui, ninguém gira à minha volta, ninguém vem em minha direção, à minha frente ninguém jamais encontrou ninguém. Essas pessoas não existiram nunca. Não foram nunca senão eu e esse vazio opaco. E os ruídos? Também não, tudo é silencioso. E as luzes, com as quais eu tanto contava, será preciso apagá-las? Sim, é preciso, não há luzes aqui. O cinza também não, é preto que seria necessário dizer. São apenas eu, de quem nada sei, senão que nunca falei disso, e esse negrume, de que também nada sei, senão que é negro, e vazio (...)

S. Beckett - do livro O inominável

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