sábado, 17 de dezembro de 2011

DEVIR-PENSAMENTO

A psiquiatria, como  nunca  antes,    tem “necessidade”    de   controlar  com competência técnica.  Usa dispositivos práticos   em casos e situações clínicas  pontuais. Em oligofrênicos, por exemplo, a expressão da fala em geral  está  comprometida, seja  por  uma dislalia ou pela atividade cognitiva  reduzida a nível das  relações conceptuais na  formação e execução de juízos. O diagnóstico  chega  rápido... É  essencial registrar  que o exame  do paciente acaba ficando mediado pela fala no sentido mais comum e operatório do contato  social. Digamos:   uma máquina não está  funcionando a contento e é preciso consertá-la. Esse  modo de ver não constitui uma acusação à  semiologia  psicopatológica   atual. Bem mais, trata-se  de   demonstrar sua insuficiência técnica  “essencial”   com repercussões por  vezes  danosas  sobre a conduta  terapêutica. O que  o paciente  diz  e faz  (o visível e o dizível) se alternam sob uma avaliação que busca  sintomas.  Ora, o pensamento não segue  uma linha  fixa  de racionalidade, nem mesmo  nas pessoas  ditas  normais. Além disso, ele  é, por excelência, invisível  e se move  a velocidades  infinitas. Estamos diante  de uma instância  subjetiva  que  se apresenta  em ações   não  mensuráveis. O pensamento   é   o   silêncio   e nem por  isso deixa  de ser pensamento  ou   de  pensar (...)

Antonio Moura

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