segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Grupos e caos    (*)

Enfocando    o grupo técnico  em  saúde  mental, teríamos: 1-Trata-se de  fato  de  um grupo? 2-  A  que  interesses  atende? 3-Que concepções sobre a loucura norteiam  o seu  trabalho?  4-Como se dá a comunicação entre os segmentos técnicos  em relação ao paciente? 5-Qual o lugar da ética e da política nas ações práticas?  Tentaremos   desenvolver   cada  um dos  itens, tendo como hipótese de base: apesar da  reforma psiquiátrica, a psiquiatria  é  um modo de subjetivação que ainda domina e controla os que lidam com o paciente. Existe, pois,  o grupo técnico  trabalhando   sob uma transcendência psiquiátrica. Isso não é  um mal em si, desde que  a psiquiatria oferece um arsenal de medicamentos  contra os transtornos mentais. E há que  usá-los, sem dúvida. A questão é que  esse dado surge  como primeiro  na avaliação clínica. Medicar e depois diagnosticar, se possível. Desse modo, o transtorno mental surge na e da psiquiatria como seu objeto  legítimo. Cabe aos demais  técnicos  acompanharem    o carro-chefe. Ou nada. Esse  fato  compromete  o trabalho de grupo  como um trabalho coletivo. Mais: de que  objeto se trata? Transtorno mental já não seria alguma coisa fabricada pela própria psiquiatria? Ora,  se  é objeto da psiquiatria,  não pode ser objeto da psicologia ou de outros saberes. Então, partir da psiquiatria como  proprietária do paciente é admitir que tudo, em termos de equipe e tratamento, gira   em torno do significante hegemônico “psiquiatria”  como centro de significação clínica. E por extensão o seu objeto, o paciente. Parece  que estamos girando num círculo de redundâncias. Como então constituir um grupo se um  sujeito (a psiquiatria) instituiu  há muito o seu objeto (o paciente) ? A grupalidade só pode ser tentada se houver  uma    des-hierarquização   das relações intra-grupais. Um mesmo plano de trabalho e de afetos. Fora disso,  cria-se uma farsa.   Então, esta é  a primeira condição para um grupo de trabalho em saúde  mental. Todos são iguais em suas  diferenças. Em   segundo   lugar, a que  (...) 

Antonio Moura
(*) Texto em elaboração

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