sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Grupos e caos (texto em elaboração)

O Caps tende a reproduzir o modelo biomédico autor de tantos equívocos  na história da psiquiatria. Talvez por isso, no momento, praticamente não há avanço. Ao contrário, se as pesquisas sobre o cérebro evoluem, o que há é um retrocesso na percepção da vida afetiva. Ora, falar  em grupos é antes   considerar  a sua vida  afetiva: o desejo  como  foco. Os  grupos  se movimentam   pelo desejo. Ou melhor, o desejo é o próprio movimento, não como espaço a ser percorrido, mas  como intensidade. Desse modo, a pergunta : o que move o trabalho dos Caps? O que move  as  suas equipes  ?  Tentamos  sugerir algumas hipóteses a partir da produção de subjetividade  oriunda da forma-Estado. A subjetividade produzida é a da Saúde Mental, uma instituição à serviço do Estado. Sendo assim, servir à Saúde Mental é servir ao Estado. Mesmo trabalhando numa empresa privada ou na clínica liberal, os modos  de subjetivação seguem  a forma-Estado. Este é um princípio de soberania que se afirma na regulamentação dos códigos  sociais vigentes. O conceito de transtorno mental é tributário das ações do Estado que se traduzem como políticas  de Saúde Mental. Um técnico bem intencionado não basta para um trabalho novo e de qualidade. O  sujeito “bem intencionado” remete às  coisas da  consciência e, portanto, da moral.  Antes de tudo, ele julga.  Desse modo, a equipe técnica é guiada pela moral, mesmo que não o admita, ou sequer perceba. O grupo reproduz o Estado interiorizado em subjetividades mansas. Isso não surpreende, ao contrário. O Estado “regula” os  fluxos  do capital  em prol da superfície do corpo. O grupo é um corpo, um corpo submetido às injunções de não   poder dizer: “somos nós os autores”. Óbvio que não  há uma  autoria empírica.  A  “equipe técnica em saúde mental”  recita os discursos   em que o Estado – de modo implícito – comanda.  O Estado  é  o Senhor.  (...)

Antonio Moura

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