terça-feira, 13 de dezembro de 2011

PATOLOGIA DA MEMÓRIA 

O funcionamento  dos  neurônios   não  obedece a um sistema rígido, onde  as  entradas  e  as  saídas  estariam  de  antemão programadas.  É possível  se  falar, pois,   de  um “ incerto sistema nervoso”, o que   leva a    considerar    os  circuitos neuronais e as  conexões  sinápticas como fazendo  parte de  uma  superfície  acentrada e composta    por  linhas  de  força [1]. A importância do  cérebro está  ligada ao movimento, à  ação  prática  de  onde  e  por  onde  a  subjetividade produz a  si mesma  e   estabelece as suas  relações com o  mundo, inclusive  com ela  mesma   numa  espécie  de  dobra se   fazendo  sem  cessar. O caos  é   prenhe  de  movimentos sem fim. O  que  se  costuma  chamar  de  subjetividade é construído  num tempo  de  “  retardo”   no qual  e pelo qual  o cérebro existe. Os  processos  subjetivos   são – pela  sua  própria  natureza -   inscritos  no  tempo, e  não  o contrário. A  subjetividade contemporânea é  marcada  pela  velocidade  do  tempo,  onde  os  devires  são  vividos  como  “loucura identificada  com  o   caos”, quando, em verdade,   o caos  é  o próprio  motor e estímulo  dos  processos  de  criação  e   condição  de  possibilidade à  Vida (...)


Antonio Moura


[1]-“ A descontinuidade  das  células, o  papel  dos axônios, o  funcionamento das  sinapses, a  existência  de  microfendas sinápticas, o salto de cada  mensagem por  cima  destas  fendas  fazem   do  cérebro uma multiplicidade  que, no seu plano de consistência ou em  sua   articulação, banha  todo um sistema probabilístico incerto, un  certain nervous system”. Deleuze, G. e  Guattari, F. , Mil platôs, São Paulo, Ed. 34, vol. 1, p. 24.  Ver  também Rose, S.  Le  cerveau  conscient, Paris, E. de  Seuil, p. 92, e sobre  memória pp 250  e  seguintes, citado por  Deleuze e  Guattari.

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