PATOLOGIA DA MEMÓRIA
O funcionamento dos neurônios não obedece a um sistema rígido, onde as entradas e as saídas estariam de antemão programadas. É possível se falar, pois, de um “ incerto sistema nervoso”, o que leva a considerar os circuitos neuronais e as conexões sinápticas como fazendo parte de uma superfície acentrada e composta por linhas de força [1]. A importância do cérebro está ligada ao movimento, à ação prática de onde e por onde a subjetividade produz a si mesma e estabelece as suas relações com o mundo, inclusive com ela mesma numa espécie de dobra se fazendo sem cessar. O caos é prenhe de movimentos sem fim. O que se costuma chamar de subjetividade é construído num tempo de “ retardo” no qual e pelo qual o cérebro existe. Os processos subjetivos são – pela sua própria natureza - inscritos no tempo, e não o contrário. A subjetividade contemporânea é marcada pela velocidade do tempo, onde os devires são vividos como “loucura identificada com o caos”, quando, em verdade, o caos é o próprio motor e estímulo dos processos de criação e condição de possibilidade à Vida (...)
Antonio Moura
[1]-“ A descontinuidade das células, o papel dos axônios, o funcionamento das sinapses, a existência de microfendas sinápticas, o salto de cada mensagem por cima destas fendas fazem do cérebro uma multiplicidade que, no seu plano de consistência ou em sua articulação, banha todo um sistema probabilístico incerto, un certain nervous system”. Deleuze, G. e Guattari, F. , Mil platôs, São Paulo, Ed. 34, vol. 1, p. 24. Ver também Rose, S. Le cerveau conscient, Paris, E. de Seuil, p. 92, e sobre memória pp 250 e seguintes, citado por Deleuze e Guattari.
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