quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

NOMADIS TEMPORIUM DELIRIUM EST

(...) (...) Sou a base da cadeia alimentar de organismos maiores, e o mar me leva como uma criança no jogo de Alice. Nenhum raio cai na cabeça de um psicopata, mas eu vivo numa prisão imposta pela fúria de Titãs, condenado por ser um espírito livre. O que o Senhor tem a dizer sobre isso? O Senhor não diz nada, nada mesmo, porque ele vive dentro de nós. Vive nas nossas veias, passeia nelas com o submarino amarelo dos Beatles roubado lá mesmo, nos arredores de Liverpool. Desse modo, nossos corpos estão contaminados para toda a eternidade, pois toneladas de Zyprexa são armazenadas nos porões da embarcação sinistra. Eu até tentei falar dessas coisas para o psiquiatra remedeiro quando ele despachava do alto da colina, ou melhor, da sua coluna sifótica, ainda que só tenha uns 34, eu acho. Quem me falou outro dia foi a mulher dele, também uma remedeira que vem aqui todas as manhãs avisar que o mundo não vai acabar em 2012 porque já acabou. Pelo menos, para nós. A rameira é cínica e pícnica e diz uma chuva de besteira à luz do sol, assoviando uma canção de Nelsinho Ned, aquela do “tudo passa/tudo passará”. Eu gosto mesmo é de Alice e suas aventuras sinápticas, acrobáticas. 
(...)
A.M. e I.N.

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