terça-feira, 25 de dezembro de 2012

AINDA SOBRE O MÉTODO DA DIERENÇA

(...) (...) De início, assinalamos que o psiquiatra não é (ou não deveria) ser um passador de remédios, um remedeiro. Ao contrário, pela via do Encontro, ele busca percutir linhas de vida,  mesmo que elas não se mostrem de pronto. Existe a escuta expectante das multiplicidades. São  falas que podem ser decompostas em territórios existenciais delicados. Dobras subjetivas para além do olhar-clichê. Por isso,é preciso ver ao invés de enxergar. Ver o paciente como “não paciente” sem que isso seja uma negação da realidade. A relação é, pois, não  hierárquica. A  suposta ajuda construída na linha dos devires torna-se desejo de  ser o outro sem sê-lo. Não uma pessoa à frente, mas linhas entrelaçadas, umas se expressando, outras não. Explorar os paradoxos na cena do Encontro implica  em jogar papéis  sociais,  coletivos,  inumanos. A questão  passa a ser buscar formas de expressão. Pode  ser  pela fala, pelo silêncio, pelo corpo, pelas  atitudes, etc. Importa a expressão e a potência de criar que lhe é correlata.O paciente cria? O  que? Como? Para que? Onde?Os devires invadem o viver sem que os especialistas  imponham uma ordem. O que se passa? O psiquiatra enlouquece sem estar louco ou  ser um  doente,  nada  disso. 
(...)
A.M.

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