sábado, 22 de dezembro de 2012

O ressentimento 

"O homem do ressentimento traveste sua impotência em bondade, a baixeza temerosa em humildade, a submissão aos que odeia em obediência, a covardia em paciência, o não poder vingar-se em não querer vingar-se e até perdoar, sua própria miséria em aprendizagem para a beatitude, o desejo de represália em triunfo da justiça divina sobre os ímpios. O reino de Deus aparece como produto do ódio e da vingança dos fracos. Incapaz de enfrentar o que o cerca, o homem do ressentimento inventa, para seu consolo, o outro mundo. Assim também procede o "filisteu da cultura’, que só pode afirmar-se através da negação do que considera seu oposto: a própria cultura. Ou então, o homem da ciência, que a si mesmo opõe um outro: o pesquisador, que pretende comportar-se de maneira impessoal, desinteressada e neutra diante do mundo, para chegar a abordá-lo com objetividade. E ainda o filósofo que, na elaboração de suas idéias, acredita poder desvinculá-las da própria vida, não se reconhecendo como advogado de seus preconceitos." ("Para além de Bem e Mal", parágrafo 2)

F. Nietzsche

Um comentário:

  1. Está aí!!!! Está aí!!! Um artista fala mais do que mil palestras, do que discursos acadêmicos,citações, etc.

    Ele diz: "Os meus olhos têm a fome do horizonte."

    Isso é o que importa, entenderam? Quando vocês se perguntarem "qual luta?", "quem está propondo?", "o que pretende ou de que lugar fala?"... Terão a resposta da verdade nos olhos, nas pálpebras, na pupila. Pouco importa se os olhos estão fixos em você, porque isso, muitas vezes, não passa de estratégia de persuasão. Importa se, através dos olhos de quem fala, há uma lente transparente que guia direto ao coração. Se a vida prática dele não corresponde com o que profere, com o que proclama, os olhos dirão.

    http://www.youtube.com/watch?v=iauDeEUL0rg

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