SOBRE "MIL PLATÔS"
O caso do que Deleuze denomina imagens do pensamento – agindo na própria gênese das ciências – é ainda mais interessante por implicar diretamente os próprios Deleuze e Guattari. Afinal de contas, ao escreverem “platôs” em lugar de capítulos – justamente para ressaltar o caráter pragmático do livro, que não requer uma leitura sistemática ou seqüencial, mas que reclama uma abordagem “pelo meio”, com cada um dos temas remetendo a uma região contínua de intensidades, sem subordinação temática na direção de um ponto culminante (ibidem, p. 32-33), os dois autores destacam a existência de uma máquina de guerra na própria atividade de pensar, abrindo campo para um diagnóstico acerca dos limiares a partir dos quais conteúdos e formas do pensamento tendem a se sedentarizar ou enrijecer. O próprio Mil Platôs aparece, desde então,como uma tentativa de contato com a exterioridade, convocando não tanto a uma interpretação quanto a um uso dos conceitos tratados numa situação de combate.
(...)
Paulo Domenech Oneto - fragmento de resenha
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