LINHAS DE RISCO
A psiquiatria não é proprietária da saúde mental, a psicanálise não é proprietária do inconsciente. Tais enunciados seguem o método da análise institucional, ou seja, adotam uma concepção teórica que prioriza linhas institucionais inseridas em práticas sociais: um chute no cientificismo e no especialismo. Ou melhor, as linhas institucionais são as próprias práticas, inclusive as teconologias do eu, já que estão “presas” em nós de relações subjetivas. “Subjetivo” não designa mais a pessoa, o eu, o individuo, etc, categorias marcadas com o selo de um humanismo esgotado. Ao contrário, “subjetivo” torna-se a forma de expressão social contextualizada na história da cultura onde a psiquiatria e a psicanálise, entre outras instituições, se instalam e se produzem.
Assim, para a clínica psicopatológica, o Encontro com o paciente é um fio tênue onde ações terapêuticas se fazem, mesmo não se fazendo. Há um paradoxo consistindo a clínica, já que ela também é uma instituição, ou seja, uma forma social. O trabalho em saúde mental está, pois, imerso numa auto-análise e auto-criação incessantes, correndo o risco de destruir, amordaçar, sabotar o desejo, quando pareceria estar promovendo-o. Isso não é fácil de lidar, mesmo que possa ser dito.
A.M.
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