terça-feira, 1 de março de 2016

AGENCIAMENTOS DIAGNÓSTICOS

Usamos o diagnóstico psiquiátrico a partir da noção de agenciamento coletivo, conforme Deleuze-Guattari. Ou seja, não existe o" diagnóstico puro", pois esse está voltado aos compromissos políticos da psiquiatria biológica atrelada à grade da CID-10. Ao invés disso, trabalhamos com linhas múltiplas, abertas, coletivas, que se conjugam na composição de modos de subjetivação e em suas expressões concretas. Assim, ninguém é "bipolar" por exemplo, mas composto por linhas entre as quais o humor ocupa um lugar inserido num contexto existencial a ser analisado. Desse modo, a proliferação atual de enunciados diagnósticos é usada como dissolução de entidades fixas,"essências clínicas"que entorpecem e torcem o encontro com o paciente. Tentamos evitar o  lugar e a forma de uma dominação consentida e "desejada". É um trabalho inglório: vai na contra-corrente dos processos sociais de domesticação das subjetividades.

A.M.

Um comentário:

  1. Sorte daqueles que são tratados por quem "trai" a psiquiatria e não os enquadram à grade da CID 10. Por quem considera as linhas múltiplas e signos dispersos de seus pacientes. As existências são várias. As subjetividades, próprias de cada ser. Como tratar igual os desiguais? Impossível. É preciso ensinar os psiquiatras "deuses dos fármacos" e os "coligados" com os laboratórios a romperem esse círculo vicioso de padronização de diagnósticos, de domesticação das almas humanas. Eles precisam aprender a praticar a psiquiatria do AMOR. Por isso, não é qualquer um que pode cursar medicina. A vida é muito valiosa para ser negligenciada. Tenho medo da geração de novos médicos que está adentrando o mercado. Muitos jovens cursando medicina por status e por dinheiro. Que Deus nos proteja.

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