PSIQUIATRIA BIOLÓGICA: O ENGODO
O psicofármaco, por mais avançada que seja a sua tecnologia, atende clinicamente a demanda do sintoma. O paciente, dito portador de um transtorno mental, normalmente traz múltiplas queixas: ansiedade, irritabilidade, depressão (humor hipotímico), insônia, hipertimia (humor elevado) alucinações, delírios, sintomas somáticos mal definidos (por ex., uma "agonia" na cabeça), sintomas psíquicos mal definidos (por ex., um "desconforto" existencial ), condutas agressivas, impulsividade, ideação suicida, etc. Como se nota, são muitos os sintomas... e os problemas. Ora, já que não existe em psiquiatria o diagnóstico etiológico (ou seja, aquele com uma causa definida, como é o caso da tuberculose pulmonar na pneumologia), o psicofármaco vai ser usado buscando-se um efeito sobre o sintoma ou sobre os sintomas. Se possível eliminá-los, Mas por qual sintoma optar, se são tantos? O psiquiatra biológico, também chamado de remedeiro, faz uma opção racionalmente arbitrária, operando segundo critérios pseudo-científicos e de acordo com a moral vigente. Isto significa controlar o paciente, tentar fazê-lo voltar a se comportar de modo adequado aos códigos sociais. Enfim, torná-lo bonzinho. Deste modo, a um remédio para um sintoma se somará outro remédio para outro sintoma e assim por diante, formando um espectro de medicações associadas, onde o autor da prescrição já nem mais sabe que substância estará atuando no cérebro. Jogo de dados, jogo de azar, loteria, roleta russa, ou tão só a violência explícita da clínica psicofarmacológica?
A.M.
Nesse jogo de dados vence o paciente que, bem acompanhado de um médico que o conduz a buscar a etiologia dos seus sintomas, não se deixa controlar pelos remedeiros. O que só é possível quando ainda lhe restar um pouco de consciência e o desejo de curar-se. Do contrário, será mais uma presa fácil nessa floresta de "tigres" famintos de carne nova.
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