SEM FÁRMACOS
Em psiquiatria clínica, seria possível usar poucas associações medicamentosas? Sim, já que elas costumam embotar o paciente e o psiquiatra. Nestes casos um diagnóstico revelador do que se passa costuma ser descartado, exatamente devido a essa "zona obscura" produzida pelo fármaco. Se, além do mais, for difícil captar a vivência mórbida, ficar na espreita do acontecimento já é um ganho ético-clínico. Escutar o vento nas orelhas do paciente. Escutar o silêncio. Ou apenas contemplar o que ele diz e o que se vê no que ele diz. Isso basta para começar o trabalho de garimpagem dos signos. Percutir as linhas do desejo talvez faça surgir algo que não anseie por fármacos e sim pelo acolhimento subjetivo. "Que se passa?" é a pergunta chave, logo seguida de "O que você está sentindo?". Uma clínica a experimentar.
A.M.
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