UMA FALSA QUESTÃO
A questão da existência ou não de Deus atravessa a constituição da subjetividade. É que a instituição religião, ou melhor, a forma-religião, é um dos componentes subjetivos mais importantes para a formação da personalidade e da consciência. "Ponha a mão na consciência", "Ele não tem consciência do que fez", "Ficou com a consciência pesada", etc, são muitos os enunciados que a cultura religiosa (notadamente a cristã) forjou como linha de controle sobre nossos atos. São modos de subjetivação: obedecer à si mesmo, à própria consciência para não precisar obedecer aos outros. Ou, já parcialmente domesticado pela consciência, fica mais fácil obedecer aos outros, via instituições de toda ordem... Ora, sob tal contexto, acreditar ou não acreditar em Deus vira um falso problema. Há quem acredite e desobedeça. Há que não acredite e obedeça. É que o Nome de Deus de há muito foi substituído pelo Nome da Consciência. E é na superfície da representação de nomes identificatórios tais como Eu, Pessoa, Indivíduo, Cidadão, entre outros, que nos reconhecemos como seres racionais, sensatos e voltados à busca da salvação. Por que então ainda falar em Deus?
A.M.
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