sábado, 28 de janeiro de 2017

EIKE E OS ASTROS


As cifras movimentadas por Sérgio Cabral no exterior eram tamanhas (US$ 100 milhões) que a força-tarefa da Operação Eficiência, deflagrada na quarta (26), escolheu descrevê-las assim: "Indubitavelmente astronômicas!".

A culpa talvez fosse mesmo das estrelas, pois a história veio à tona após uma delação do astrólogo e economista Renato Chebar e de seu irmão, Marcelo.

Por mais de uma década, os dois ocultaram no exterior a suposta propina recebida pelo ex-governador, incluindo os US$ 16,5 milhões pagos por Eike Batista.

Escorpiano com ascendente em capricórnio (como contou à Folha em 2009), Eike é devoto assumido da astrologia, entre outros esoterismos.

Em entrevista ao "Wall Street Journal", em 2013, atribuiu sua derrocada nos negócios às péssimas condições astrais. E, nos últimos quatro anos, o céu do empresário anda fechado, propício à perda de patrimônio, afirma Marcia Mattos, ex-presidente do Sindicato dos Astrólogos do Rio.

O que Eike não podia prever é que seu pedido de prisão fosse consequência do testemunho de um astrólogo, Chebar, que foi vice-presidente do sindicato na gestão Mattos.

Em acordo voluntário de delação premiada, Renato Chebar desmentiu a versão de Eike, de que o R$ 1 milhão que o empresário depositou ao escritório de advocacia de Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, eram relativos a um serviço de consultoria.

O astrólogo, pisciano, foi além: detalhou como teria ajudado a disfarçar a propina do empresário na falsa compra de uma mina de ouro.

Chebar relatou ao Ministério Público Federal jamais ter estado com Eike e disse que falava apenas com seu sócio Flávio Godinho, preso na quarta-feira.

Não leu o mapa astral do empresário, tampouco o faria caso fossem mais próximos, já que, contam amigos, reservava o conhecimento sobre os signos para tomar decisões pessoais.

Chebar não agendava consultas. Um endereço de e-mail atribuído a ele o identifica como "astrologiafinanceira@...". A reportagem escreveu, mas não obteve resposta.
(...)

Gabriela Sá Pedrosa, UOL de São Paulo, 28/01/2017, 02:00 hs


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