Tríptico para hotel e sirene
II
Esta é a hora inaugural da noite.
Toda a energia esbaldada do dia
agora se recolhe compungida
por trás das persianas. Seis e oito.
Escurece. Os prédios olham de esguelha
pro trânsito feroz, domesticado
a custo. Uma sirene desgrenhada
se esvai, desafinando. Seis e meia.
Alguém no quarto ao lado liga um rádio.
No corredor, uma risada breve
responde a um inaudível comentário.
Mais risos soltos: a noite promete.
Lá fora está escuro – estamos em maio,
o inverno se aproxima. Quase sete.
Paulo Henriques Britto
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