TUDO DEMAIS
(...)
Aí a porta se abriu de repente. E entrou a tal mulher.
Ora, tudo que posso dizer é que existem bilhões de mulheres no mundo, certo? Algumas bem
vistosas. Muitas muito bonitas. Mas de vez em quando a natureza nos sai com um truque bestial,
reúne todos os atributos numa mulher especial, uma mulher inacreditável. Quer dizer, a gente olha
e não acredita. Tudo se move em perfeita ondulação, mercúrio, serpente, a gente vê umas cadeiras,
um cotovelo, uns peitos, um joelho, e tudo se funde numa unidade gigantesca, um todo
inesquecível, com aqueles olhos lindíssimos a sorrir, a boca meio descaída, os lábios imóveis como
prontos para estourar numa gargalhada, pela sensação de impotência da gente. E elas sabem se
vestir, e o cabelo longo incendeia o ar. Tudo demais, porra.
(...)
Charles Bukowski in Pulp
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