Em “saúde mental”, conceito que remete ao Fora, ou seja, ao funcionamento produtivo e múltiplo das sociedades (fluxo de signos) e ao pensamento sem imagem (não representativo), a diferença se tece por linhas invisíveis. Por isso adota um percurso tortuoso e arriscado, onde a poesia se torna a expressão mais intensa do seu corpo supliciado e sempre alegre. Não é possível identificá-la ("veja, a diferença!") nem assimilá-la a formas sociais estáveis. Tudo flui. Ela não tem uma organização visível, rosto único, mas conteúdos formigando por toda a parte. Desejantes, suas multiplicidades brotam do solo. Isso assusta, tanto os guardas perfilados da razão instrumental quanto moralistas locupletados em escaninhos institucionais.A palavra-de-ordem chega embutida na linguagem: consumir, consumir ad eternum. Mas há outros universos de sentido, sensibilidades inomináveis, microperecepções do real. As crianças! Assim, para além da saúde mental e da educação, parceiras no esfriamento das paixões, a diferença só pode ser encontrada no mundo do Abstrato, mundo sem forma e sem essência, ao mesmo tempo mundo real impulsionado por devires. Aqui mesmo na Terra.
A.M.
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