O MANEJO DOS PSICOFÁRMACOS EM PSIQUIATRIA CLÍNICA - III
O manejo dos psicofármacos é complexo. Por isso mesmo funciona como analisador da prática clínica do psiquiatra no que diz respeito a 1-técnica; 2-ética; 3-política. Como técnica, requer um conhecimento semiológico da psicopatologia levando a hipóteses diagnósticas (síndromes e não entidades). Como ética sinaliza a afirmação da potência ou da impotência de existir do paciente como singularidade. Por fim, como política, problematiza o lugar de poder ocupado pelo médico e os seus efeitos práticos. São condições mínimas para operar uma terapêutica e não um controle. Ocorre que os sintomas clínicos quase sempre vêm em conjunto. Isso configura uma síndrome (signos de toda ordem) que prepara a linha da intervenção psicoquímica. Se o paciente melhora é porque está criando (qualquer coisa), inclusive a si mesmo. Mais: do lugar do médico que passa remédio, o psiquiatra (no processo de melhora, ele também melhora) cede seu pretenso saber ao paciente que quer deixar de ser paciente. Quer ficar bom, livrar-se disso, ser autônomo, falar em seu próprio nome. Não é fácil, óbvio. Mas é uma referência desejante extraída das 3 dimensões conceituais citadas acima.
A.M.
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