NÃO HÁ MAIS "FORA" DO CAPITAL
No meio do expediente, exaurido do trabalho, você abre o Facebook, checa as mensagens do WhatsApp para relaxar. Mas sabia que nessas ações você continua vendendo sua força de trabalho? O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Henrique Antoun, destaca esse ponto que parece imperceptível para a maioria dos usuários. “Estamos, de fato, trabalhando todo o tempo que permanecemos nas redes sociais. As redes são consideradas o chão de fábrica do trabalho imaterial nas metrópoles”, aponta. Ele explica que a rede é capaz de cooptar nosso trabalho e não somente o que produzimos nela como músicas, imagens, texto, etc. Através de “nossos compartilhamentos, nossas colaborações e nossos rastros, somos operados, abduzidos, recortados, distribuídos pelos dispositivos de controle do biopoder”.
Na entrevista, concedida por e-mail à IHU On-Line, Antoun reconhece que essa perspectiva das redes concebe um trabalho imaterial que faz emergir a autonomia na produção colaborativa dos coletivos e a infindável colaboração em rede. Entretanto, “o capital investe a sedução monetária corrompedora da cooptação, da fama, do sucesso, do comando para quebrar a integridade colaborativa, ao mesmo tempo que desregulam os territórios sociais criando gigantescos desníveis de proteção e justiça”. Por isso, considera que “as redes sociais querem se transformar em megafazendas, gigantescos currais que capturem todo este trabalho”.
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Revista IHU -On-line, por Ricardo Machado, 01/04/2018, acessado em 28/04/2018
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