quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Nomadis   temporium   delirium   est [1]

       Antonio Moura 



                             No segundo dia de aula, ele falou: “Vou levar vocês ao inferno, mas os diabinhos de lá são calmos... O importante é acalmar o louco.” Aula de psicopatologia, palavras de ordem, palavra do mestre: estricnina para todos. Princípio de ano: tarantelas e café da manhã com todos os professores.... Enquanto isso, o jornal flagra o rato assustado do governador olhando pela greta da cela. Será que Kubrick cura? A variedade oposta dos regimes de verdade expôs a fratura na alma. No mundo acadêmico, o professor ri, até brinca, Treblinka. Já o governador, negocia com o carcereiro usando o dinheiro público que guardou nos bolsos do paletó. O poder pessoal não existe, mas o poder social oh... chega como remissão do quadro psicopatológico.  Quem duvida da eficácia das flores do mal? Salve Baudelaire. Um tempo a-temporal produz maquininhas diagnósticas. Bons sentimentos, meus pares! Bons rapazes! Apertem as mãos! Aplaudam! O lava-jato não esconde a urina, só o fedor. Cheiro de psicose sem anestesia. Expiação das almas em fornos crematórios, buraquinhos no elevador. No entanto, Isso faz cócegas nos corporativismos espertos. Todos dirão que gostam dos loucos, sobretudo que trabalhar com eles é no mínimo interessante. Acabar com a forma-hospício: demolir procedimentos da educação, do direito, da família, do trabalho. Que sentimentalismo, que nada! A (X)-terapia anuncia a felicidade por meio de um novo sistema de relações monetárias: o sagrado pelo profano. Delírio dizimado. Dissolvidos sem pátria, inimigos da nação. Custo baixo e Ideal = ego.  Costura por dentro, por fora e depois olha o rego disforme. Pastores midiáticos: vinde ao nosso reino de humanistas empolados (ampolados). A cada dia, a oração da dívida infinita rola no moedor dos escravos de si e títeres do fabricante. Quasímodos na política. Menos. O corcunda é até belo. Ovelhas rebeldes numa relação de dependência infinita com os pastores. Camadas médias querendo a salvação. Em troca de que? De um mundo melhor? (...)



[1] Escrito em co-autoria com  Isac  Fernandes  Forte Neto.

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