VIAGENS DE MIGUEL
Miguel tem quase 1 ano e meio. Continuo lhe acompanhando por veredas insondáveis. Por onde e para onde ele vai? Não me avisa. Eu é que tenho que sacar, advinhar... Pois ele anda solto, ainda que preso a uma infância codificada. A sociedade comparece. Mas Miguel segue a rua. Ele é a rua, é da rua, embora esteja comigo, com a mãe, com a irmã, seres da intimidade do dia-a-dia. Olho a praça. Seu olhar inquieto também encontra motivos para olhar. Ele gira. Dentro de casa, Miguel me chama para sair. Para onde, Miguel? "Sei lá, pai, para um universo de naturezas produtivas e fugidias". Nada está fechado para ele. Nada. Tudo flui e conflui em desenhos existenciais maravilhosos. Ele bem que tenta me dizer, mas não compreendo o seu mundo, mundo da criança. Adoecido pelo adultice, me viro e tento chegar ao estado e ao nível da sua potência de viver. Arrisco, enquanto Miguel lembra que meu coração bate por ele. Gratuito.
A.M.
Nenhum comentário:
Postar um comentário