quinta-feira, 6 de setembro de 2012

VIAGENS DE MIGUEL

Miguel tem quase 1 ano e meio. Continuo lhe acompanhando por veredas insondáveis. Por onde e para onde ele vai?  Não me avisa. Eu é que tenho que sacar, advinhar... Pois ele anda solto, ainda que preso a uma infância codificada. A sociedade comparece. Mas Miguel segue a rua. Ele  é a rua, é da rua, embora esteja comigo, com a mãe, com a irmã, seres da intimidade do dia-a-dia.  Olho a praça.  Seu olhar inquieto também encontra motivos para olhar. Ele gira. Dentro de casa, Miguel me chama para sair. Para onde, Miguel? "Sei lá, pai, para um universo de naturezas produtivas e fugidias". Nada está fechado para ele. Nada. Tudo flui e conflui em desenhos existenciais maravilhosos. Ele bem que tenta me dizer, mas não compreendo o seu  mundo, mundo  da criança. Adoecido pelo adultice,  me viro e tento chegar ao estado e ao nível da sua potência de viver. Arrisco, enquanto Miguel  lembra que meu coração bate por ele.  Gratuito.

A.M.

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