Para além do ser
Quando se fala em subjetividade, a tendência é
considerá-la como algo próximo ou
similar à
mente, à alma, ao
cérebro, ao eu, à personalidade. Ela
seria constituída como uma espécie de mundo
interior naturalmente separado
do mundo exterior. O
que essas designações têm em
comum é
o fato da subjetividade ser
posta como uma substância, se
possível, visível ao
pesquisador dos seus segredos. Ocorre que
ela não é algo
visível, não possui uma
forma que remeteria a uma substância. Ela é processo, fluxo incessante. A vida nos
mostra isso. Concebe-se
tal qualidade na medida
em que adotamos a perspectiva
do tempo que passa
e não volta: a irreversibilidade[1]
. Assim,
é possível se pensar
a subjetividade segundo uma percepção
não espacial, mas
temporal. Isso requer uma atitude nova.
(...)
A.M.
[1] A
irreversibilidade é um conceito profundamente ligado aos sistemas de não-equilíbrio. “Não-equilíbrio e
não-linearidade são conceitos ligados entre
si (...) (...) as equações não-lineares tem muitas soluções possíveis e,
portanto, uma multiplicidade, uma riqueza
de comportamentos que não se pode encontrar perto do equilíbrio”.
Prigogine, I., O nascimento do tempo,
Lisboa, Ed. 70, 1988.
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