domingo, 16 de junho de 2013

Para além do  ser


Quando se  fala em subjetividade, a  tendência é  considerá-la como  algo próximo  ou  similar   à  mente, à  alma,  ao  cérebro, ao eu, à  personalidade.  Ela  seria  constituída  como  uma  espécie  de mundo  interior  naturalmente   separado  do  mundo  exterior. O  que  essas designações têm em comum  é  o fato  da subjetividade   ser  posta  como uma  substância,  se  possível, visível ao  pesquisador  dos  seus segredos. Ocorre  que  ela não  é  algo  visível, não  possui   uma  forma  que  remeteria a uma  substância. Ela  é processo, fluxo incessante. A  vida nos  mostra  isso.   Concebe-se  tal  qualidade  na medida  em que  adotamos a  perspectiva  do  tempo  que passa  e não  volta: a  irreversibilidade[1] .  Assim,  é  possível se  pensar  a subjetividade  segundo   uma  percepção não  espacial,  mas  temporal. Isso  requer  uma atitude nova.
(...)
A.M.


[1] A irreversibilidade é um conceito profundamente ligado aos  sistemas de não-equilíbrio. “Não-equilíbrio e não-linearidade são conceitos ligados entre  si (...) (...) as equações não-lineares tem muitas soluções possíveis e, portanto, uma multiplicidade, uma riqueza  de comportamentos que não se pode encontrar perto do equilíbrio”. Prigogine, I., O nascimento do tempo, Lisboa, Ed. 70, 1988.

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