COM HUMOR
Será o humor – e sei que aprecia o de John Updike e o do seu amigo Martin Amis – uma fuga à mediocridade? Mesmo neste livro (A Balada de Adam Henry), que não é propriamente “divertido”, introduz momentos fugazes de grande ironia.
Não, este livro não é divertido mas admito que esses momentos são importantes. Quando faço leituras públicas apercebo-me de que, em determinadas alturas, as pessoas riem-se e há uma certa tensão que se solta, um alívio, ainda que momentâneo. Aliás, tenho uma teoria: quem escreve bem é, fundamentalmente, um humorista. Por exemplo, os autores que mencionou são escritores excelentes e basta reler Shakespeare, que é o que tenho andado a fazer, para chegar à mesma conclusão: as frases e as palavras são tão belas, de um rigor tão extraordinário, que me fazem sorrir. Não vejo como a vida, ou a escrita, podem evitar o humor.
(...)
Ian McEwan, extraído da entrevista com Helena Vasconcelos, 09/04/2015.
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