O FIM E O FIM DO DIAGNÓSTICO PSIQUIÁTRICO - VIII
"Há somente o desejo e o social e nada mais". Tal afirmação de Deleuze-Guattari, extraída do "delírio" do Anti-Édipo, transmuta-se numa prática ética (que potências?) e política (que poderes?) que animam uma psiquiatria inserida na produção desejante e reprodução sociais. O desejo da psiquiatria passa, assim, a ser agenciado como clínica trágica. Isto significa encontrar e "garimpar"as multiplicidades que compõem o paciente, e nem por isso, ou talvez por isso, não são percebidas e daí, não trabalhadas. A forma-diagnóstico, terrível megamáquina dos homens de branco, neste ponto é desprezada em prol de algo não nomeado, os devires, aquilo que faz mover as linhas singulares da existência. Usamos, pois, o diagnóstico por hábito, como quando se diz "está chovendo". O diagnóstico psiquiátrico continua existindo, mas deixa de ter importância no ato de considerá-lo peça de uma clínica do encontro ou das multiplicidades. Sabemos que essa é uma postura semi-opaca ao entendimento dos psiquiatrões da atualidade, sempre empenhados em cadastrar os sintomas em entidades fixas, bem como de impor verdades "baixas" do senso comum, lastreadas num dualismo pétreo: "você é o doente, eu sou o médico". Portanto, não há possibilidade de diálogo com a "Grande" psiquiatria, magarefe de almas, já que a ético-política do Encontro prioriza as linhas finas da subjetividade.
A.M.
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