sábado, 11 de abril de 2015

O FIM E O FIM DO DIAGNÓSTICO PSIQUIÁTRICO V

A ênfase que damos ao estudo do diagnóstico psiquiátrico prende-se a um dado simples: é através dêle que se chega ao CONHECIMENTO da doença e de suas possíveis causas (etiologia). O "melhor" diagnóstico, portanto, seria o diagnóstico etiológico. O exemplo das doenças infecciosas é emblemático: a identificação do agente infeccioso. Ainda que haja outros fatores em jogo, certamente são de menor importância. No caso da psiquiatria, tudo muda. Em primeiro lugar, porque não há um consenso sobre o que seria uma "doença mental", ou mais modernamente falando,o que é um "transtorno mental". Em segundo lugar, se não se sabe definir com clareza uma entidade clínica (existe a esquizofrenia? respondo: claro que existe, sim, bem entendido, a experiência esquizofrênica...) como  saber a causa do que não se sabe com certeza o que é? Em terceiro lugar, se o diagnóstico é o lugar do conhecimento, ele é (ou deveria ser) o lugar do pensamento, o ato de PENSAR  sobre os  chamados transtornos mentais, e por extensão, sobre a saúde mental. Em quarto lugar, como o diagnóstico psiquiátrico surge no século XIX mediado pela moral ("ele está se comportando bem?"), atende a uma vontade de dominar, disciplinar, como bem mostrou Foucault. Daí o poder funciona de modo intrínseco ao enunciado psiquiátrico, sendo impossível escapar dos seus efeitos.

A.M.

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