quarta-feira, 15 de abril de 2015

O FIM E O FIM DO DIAGNÓSTICO PSIQUIÁTRICO VI

Quando a psiquiatria buscava o diagnóstico absoluto, como diz Foucault, ela queria saber, em cada caso clínico, se se tratava de loucura ou não. O diagnóstico diferencial vinha depois e nem era importante. Isto se consolidou na segunda metade do século XIX, na Europa, com os trabalhos de E. Kraepelin. Hoje, as coisas mudaram e não mudaram. Seguinte: a identificação da loucura é cada vez menos necessária, na medida em que a medicalização "cidológica" encontrou a sociedade de controle e considera a existência de loucos, doentes a priori, todos nós. Assim, ao invés de um, muitos loucos, milhares, milhões deles diagnosticados ou em vias de se tornarem e serem "efetivamente" loucos. É que a dissolução do Sentido, o estilhaçamento da subjetividade (quem sou?) é um fenômeno planetário que se reproduz "localmente" nas culturas mais diversas. No fundo, só há uma Subjetividade, a capitalística, a burguesa, a classe tornada Única, a  terrível classe dos homens cinzentos, pelo menos até agora. Sob tais condições como fazer uma clínica da diferença? Como fazer a Diferença num mundo indiferenciado?

A.M.

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