O QUE PODE A PSICOTERAPIA?
A psicoterapia é um serviço típico do capitalismo industrial. Está inscrito no circuito da produção ad aeternum de mercadorias e atrelado ao consumo automatizado. Antes de tudo, pois, carrega o fetiche da mercadoria a ser consumida por sujeitos angustiados, fóbicos, depressivos, “doentes” da existência. Neste sentido, pode nos ocorrer (psicoterapeutas e afins) uma espécie de miopia teórica da concepção materialista do fato subjetivo, em prol de um humanismo salvacionista. Salvar aquele que sofre por/para viver, quem não tentou? Uma visão a-histórica da psicoterapia funcionaria apenas para torná-la um psico-remédio (?!) para os males da alma, buraco metafísico do qual ninguém escapa. Ora, tal “buraco metafísico” é produzido por relações sociais onde o desejo produz a sua produção. Tudo é produção. Apesar disso, não há como negar linhas da diferença em terapia, na medida em que elas produzam subjetivações que quebram (dissolvem) os próprios códigos sociais aprisionadores do paciente. Seria, então possível, agenciar uma psicoterapia “libertadora”? Talvez, um pouco, quase nada, lembrando que “libertação” é uma palavra cheia de dobras e armadilhas semânticas e políticas. Daí, talvez seja preciso incluir a desordem nas práticas clínicas, usando-as como rearranjo de potências subjetivas até então narcotizadas. O caso da psiquiatria é emblemático, monstro industrial vegetando com suas prescrições farmacológicas fascistizantes.
A.M.
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