sábado, 5 de setembro de 2015

ACREDITAR NESTE MUNDO

(...) Concebemos a psiquiatria antes de tudo como uma instituição. É deste modo que ela empreende a pesquisa e o exercício da clínica, minorando sofrimentos e ajudando sujeitos a se reorganizarem psiquicamente. Mas é  também deste  modo que ela desenvolve e exerce práticas de segregação e violência. Por isso não é recomendável substancializá-la como sendo uma coisa nem considerá-la possuidora de uma “natureza”. Ela é, isto sim, processo histórico-social inserido em formações  subjetivas concretas. Para ser possível  enxergar  deste  modo, partimos de outro lugar do pensamento, cultivamos outro pensamento, ainda que estejamos no mesmo lugar, que é o da clinica. Buscamos o que está fora das coordenadas da razão e da moral, o reino do Aberto, para daí extrair acontecimentos, mesmo os menores, e, principalmente, quase imperceptíveis. Assim se  descobrem  mundos subjetivos insuspeitos de existir, e que produzem realidades radicalmente distintas das vigentes. É um mundo sub-representativo, o estranho e múltiplo universo da diferença.
(...)
A.M.

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