ARTE COMO RESISTÊNCIA
Ney de Souza Pereira, Ney Matogrosso, (Bela Vista, 1941) faz 76 anos nesta terça-feira. Não haverá festa, está cansado demais de tanto trabalhar. O Brasil de hoje, “com essas transações tenebrosas”, também lhe cansa, mas tende a ser otimista: “Meu olhar não se reduz ao que estou vendo. Tudo isto vai passar, e muita gente que está agora no poder vai parar na lata do lixo da história”, disse a jornalistas. Isso sim, Ney diz não entender por que “o povo de junho” [de 2013] não está na rua.
Após ser homenageado no Prêmio da Música Brasileira no Rio, no último dia 19, Ney viajou até Bonito, Mato Grosso do Sul, a 150 quilômetros da sua cidade natal, onde costumava passear com uma faca enfiada na cintura antes de se alistar na Aeronáutica para fugir do autoritarismo do pai. Era 1959, quando Mato Grosso era um Estado só. Não há nostalgia da sua terra, embora tenha adorado a sempre calorosa recepção do público. O artista era a atração principal do Festival de Inverno de Bonito, uma ode a artistas da região, do reggae aos ritmos sertanejos e fronteiriços fora do eixo artístico Rio-São Paulo, e encheu a praça principal do município, famoso por seus passeios entre águas cristalinas. As senhoras, seu público mais fiel, gritavam entusiasmadas e o cariciavam quando estava a tiro. Todos vibravam diante a transformação, a energia e as provocações sensuais de Ney.
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Maria Martín, El País, Bonito, Mato Grosso do Sul, 31/07/2017, 22:42 hs
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