quinta-feira, 24 de agosto de 2017

AO TÉCNICO EM SAÚDE MENTAL

Considere o paciente (ou usuário de um serviço) antes de toda moral julgadora. Lembre-se que a existência é puro devir, e por isso vertigem, risco e potência. Essa é uma maneira de enxergar o mundo que busca apreender a passagem do tempo como sendo a própria subjetividade. Há só devires. E mais: considere que o que distingue os seres (humanos e inumanos) não é o gênero, a função, a forma, o status, a raça, o credo, etc, mas os graus de potência.  A instituição medicina não sabe disso, não quer saber pois funciona essencialmente com formas visíveis. Isso não é um mal, mas uma postura clínico-teórica insuficiente para encontrar a diferença em psicopatologia. Saia, portanto, da ótica médica marcada pela ciência positivista, pelo mecanicismo newtoniano e pela adesão ao mercado de consumo desenfreado. Adote uma posição ético-estética. Despsiquiatrize-se. Os fluxos vitais que animam o corpo do paciente são os do desejo-produção, não os do desejo coagulado, cronificado, desejo-produto, desejo-em-falta, carência infinita. Experimente o encontro ao escutar antes que a escuta, ao amar antes que o amor. Faça o acontecimento. Não há fórmulas, receitas ou protocolos. Arrisque...jogue os dados do acaso. Ou então, tome a benção ao doutor... e peça autorização para existir...

A.M.

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