segunda-feira, 21 de agosto de 2017

LINHAS SINGULARES

Linhas singulares da existência são a materialidade subjetiva do individuo, a qual compreende elementos visíveis e invisíveis; ela sempre acontece no plural. São muitas linhas singulares funcionando num movimento incessante. O organismo visível fornece o lastro concreto para uma subjetividade.Contudo, ele é composto por partes infinitamente divisíveis as quais chamamos corpo. O organismo não é o corpo. Este ultrapassa  os  limites do organismo de onde a medicina extrai a sua mais-valia de prestígio. As  linhas singulares inscrevem-se  num corpo não imediatamente visível nem tampouco separado do meio por uma linha de fronteira bem demarcada. Elas são antes de tudo micro-potências que impulsionam o funcionamento motor, cognitivo, intelectual, existencial, enfim, tudo que signifique produção incessante de vida. O paciente é composto por elas e são elas que se expressam como devires (*). Um sintoma é uma linha singular, já que, apesar de ser signo de uma doença cadastrada  na CID-10, ao mesmo tempo é expresso como território existencial.”Eu sou meu  delírio”, “Eu sou  minha tontura”, etc. 

A.M.

(*) Devires são o conteúdo do desejo, o processo do desejo. Não têm forma.

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