sábado, 19 de agosto de 2017

SABIÁ COM TREVAS

VI 

Há quem receite a palavra ao ponto de osso, 
de oco; ao ponto de ninguém e de nuvem. 
Sou mais a palavra com febre, decaída, fodida, na 
sarjeta. 
Sou mais a palavra ao ponto de entulho. 
Amo arrastar algumas no caco de vidro, 

envergá-las pro chão, corrompê-las -
Até que padeçam de mim e me sujem de branco. 
Sonho exercer com elas o ofício de criado: 
usá-las como quem usa brincos.


Manoel de Barros

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