FASCÍNIO DO PODER
Pela quarta vez em menos de três meses, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) exibiu sua pose de presidenciável num evento evangélico. Compareceu nesta quinta-feira à Convenção da Assembleia de Deus, na cidade mineira de Juiz de Fora. Discursou sobre economia, ouviu palavras de estímulo à sua hipotética candidatura e concedeu uma entrevista. Nela, falou sobre a importância do diálogo com a comunidade evangélica —“são 30 milhões de pesssoas no país”. E respondeu gostosamente a uma indagação sobre 2018.
Evocando uma entrevista que Meirelles deu à Folha, um repórter atiçou o ministro: “O senhor disse recentemente que o discurso reformista vai vencer as eleições de 2018. Escutou aqui a confiança de uma candidatura do senhor no ano que vem. Qual pode ser o nível de confiança de uma candidatura de Henrique Meirelles?”
Ao responder, o ministro calibrou as palavras de modo a não ficar tão próximo de uma candidatura que amanhã tenha que ficar distante, nem tão distante que amanhã não possa se aproximar.
“No momento, eu estou totalmente concentrado e focado no meu trabalho, visando fazer com que o Brasil volte a crescer”, disse Meirelles. “Não trabalho pensando em hipótese de futuro. (…) O Brasil está voltando a crescer e nós precisamos continuar criando as condições para isso. (…) A partir daí, o país voltando a crescer, nós estamos atingindo o nosso objetivo.”
Ex-tucano, ex-peemedebista, hoje filiado ao PSD, Meirelles incluiu os evangélicos no seu radar político em junho. Antes do evento desta quinta, participara de uma convenção de todas as assembleias de Deus do Brasil, prestigiara a festa dos 106 anos desta denominação religiosa, e dera as caras no aniversário de Manuel Ferreira, bispo primaz da igreja.
Mantido esse ritmo, Meirelles só esquentará a cadeira de ministro por mais sete meses, pois as autoridades que desejarem disputar mandatos eletivos em 2018 terão de deixar seus cargos no início de abril. Até lá, Meirelles terá de entregar crescimento econômico e empregos. De resto, não poderá descuidar de uma máxima cunhada pelo ex-presidente Janio Quadros: “Política é como fotografia. Se a pessoa mexe muito, não sai.”
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Do Blog do Josias de Souza, 25/08/2017, 16:07 hs
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