AS BARRICADAS DO DESEJO
Há 50 anos, em um mês de maio como este, enquanto o Brasil estava aprisionado pela ditadura, na França irrompia a maior revolta estudantil do século, uma explosão em favor da liberdade, chamada também de “a revolução da alegria”. Desde aquele maio chegou-se a escrever que depois dele nada mais foi igual em boa parte do mundo. O poder mudou de domicílio e foi entregue à imaginação.
O Brasil já na democracia chega ao aniversário de meio século do maio francês confuso e alarmado, enquanto tocam os sinos de alerta ante a presença de nostalgias autoritárias e belicosas tanto por parte da direita como da esquerda. Seria preciso se perguntar se o Brasil de hoje que derrotou a ditadura militar deveria se espelhar naquele maio francês que despertou a sociedade conservadora, classista e tediosa, com o desafio da “imaginação no poder” e o lema “destruam as engrenagens”, dois dos grafites dos muros de Paris que percorreram o mundo com o “sejam realistas, peçam o impossível”.
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Juan Arias, El País, 30/04/2018, 19:58 hs
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