A ERA DA INCERTEZA
Sensação de fim de uma era. Essa foi a vibração emitida este ano pela Conferência de Segurança de Munique, que acaba neste domingo em um clima de tensão internacional. Com o fracasso do tratado de armas nucleares de alcance intermediário (INF), vigente desde a Guerra Fria, os desencontros transatlânticos, a crescente assertividade russa e chinesa, as crises de Venezuela, Síria, Irã e o Brexit, a incerteza dispara. Mas acima de tudo vem a sensação de que os consensos e equilíbrios travados com cuidado durante décadas se desfazem como cubos de açúcar. Que nos aproximamos de uma nova era política na qual as potências rivalizam por uma nova acomodação em um tabuleiro geopolítico a ser definido.
Foi o que disse a primeira-ministra alemã Angela Merkel, e o que repetiram em infinitas variantes governantes e especialistas. “Vemos que a arquitetura que define o mundo como o conhecemos é um quebra-cabeças que se desmontou em pequenos pedaços”, interpretou Merkel em um discurso muito ovacionado e no qual fez uma inflamada defesa do multilateralismo, conscientemente alheia às diretrizes globais que caminham em direção contrária. “As estruturas com as quais trabalhamos são fruto dos horrores da Segunda Guerra Mundial e agora estão sob uma intensa pressão, porque os desafios atuais nos exigem que as reformemos”, afirmou neste sábado a chanceler na capital bávara.
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Ana Carbajosa, El País, Munique, 17/02/2019,11:53 hs
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