O PODER DO VICE
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Um estrangeiro sensato poderia questionar: “Qual o motivo dessa apreensão toda? Por que não deixar o vice-presidente desempenhar suas funções por alguns dias, como assegura a Constituição, permitindo assim que o presidente se recupere devidamente?”. Mas a resposta é óbvia: em pouco mais de um mês como presidente, a relação de Bolsonaro com seu vice, o general Hamilton Mourão, já se mostrou conturbada e possivelmente desgastada. No começo de janeiro, quando Mourão assumiu a Presidência durante a viagem de Bolsonaro a Davos, ele concedeu uma série de entrevistas e declarações visivelmente conflitantes com a visão de seu chefe sobre diversos assuntos, desde a flexibilização do controle de armas, tachando a medida de sem sentido, à mudança da embaixada do Brasil em Israel, afirmando a diplomatas árabes que ela talvez não aconteça. E, no episódio que talvez seja a maior das divergências, Mourão usou o Twitter para parabenizar a imprensa — a qual Bolsonaro frequentemente ataca, acusando-a de fake news — por sua dedicação, seu entusiasmo e espírito profissional. Não é de se estranhar que Bolsonaro tenha hesitado tanto em entregar o poder novamente.
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Brian Winter, Época, 08/02/2019, 13:29 hs
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