VIRILIO - VELOCIDADE
No passado dia 10 de setembro desse ano, com 86 anos, faleceu o filósofo, arquiteto e urbanista Paul Virilio, como ele diria, numa verdadeira corrida contra o tempo. Presto-lhe aqui uma muito sentida e singela homenagem. A partir de uma recolha de textos escritos e entrevistas deixo registrados alguns dos seus enunciados filosóficos mais expressivos e conhecidos.
Na base das suas reflexões está a triangulação entre velocidade, tecnologia e política. A dromologia é, segundo Paul Virilio, uma área de estudo interdisciplinar acerca da velocidade e do modo como ela muda a perceção do tempo e do espaço e, portanto, a natureza dos fenómenos políticos, sociais, económicos e culturais.
Eis alguns dos seus enunciados filosóficos mais expressivos, quase todos reportados aos “tempos que o tempo tem”, desde o tempo lento da arte e da cultura até ao tempo infinitamente pequeno do ciberespaço, essa colónia virtual para onde muitos de nós estão a emigrar.
A era da cronopolítica
Vivemos na era da cronopolítica, em pleno culto da velocidade-luz, numa verdadeira corrida contra o tempo.
Na era da cronopolítica, a velocidade das transações excede o tempo da política, tornando o estado-nação uma figura cada vez mais decorativa.
Na era da cronopolítica, a velocidade das transações assegura a hegemonia da especulação sobre as necessidades reais da economia.
A velocidade é uma embriaguez, vamos chocar contra o muro do tempo; onde fica o mundo sensível e a sensibilidade?
Na era da cronopolítica, a velocidade das transações gera uma espécie de buraco negro da extra-territorialidade.
(...)
Antonio Covas, 25/09/2018, site "O observador", acessado em 03/02/2019
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