Vive no alto da colina, em Plieux, pitoresco povoado na Gascogne, a terra de D'Artagnan. Da torre, ao longe, vislumbram-se os Pirineus. Poderia ser o refúgio de um dândi aristocrata. Ou o castelo do conde Drácula.
Renaud Camus, de 73 anos, foi há muito tempo um prolífico escritor cult, autor de dezenas de volumes de minuciosos diários, louvado em seu início por papas da intelligentsia francesa como Roland Barthes. Agora é quase um marginal no mundo cultural: publica os próprios livros porque não tem mais editora e ficou difícil encontrar sua obra nas livrarias. Mas suas ideias não são marginais. Camus se tornou “um ideólogo da extrema direita, um oráculo dos ambientes identitários”, como escreveu um ex-amigo seu, o escritor Emmanuel Carrère. E uma referência para o supremacismo branco global, incluído o mais violento. Sua teoria da grande substituição — le grand remplacement, em francês — inspirou terroristas como os que causaram a matança em duas mesquitas de Christchurch (Nova Zelândia) em 15 de março e num shopping center de El Paso (Estados Unidos) no último sábado.
“A grande substituição não é uma teoria”, disse ao EL PAÍS e a outros jornais, durante uma entrevista em maio no imenso salão que serve de biblioteca e escritório em seu castelo de Plieux. “É o nome para um fenômeno como a Grande Depressão, a Revolução Francesa e a Primeira Guerra Mundial.
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Marc Basset, El País, Paris, 10/08/2019, 18:04 hs
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