SITUAÇÃO-LIMITE
Depois de 14 dias em alto-mar e um em frente à costa da ilha italiana de Lampedusa, vendo uma terra que não estão autorizados a tocar, os 134 imigrantes que permanecem no navio Open Arms chegam ao limite de suas forças, físicas e psicológicas. O psicólogo a bordo da embarcação espanhola, Alessandro di Benedetto, voluntário da organização Emergency, afirmou ao EL PAÍS que as últimas retiradas “a conta-gotas” —nove pessoas na quinta-feira à tarde e outras quatro na madrugada desta sexta— causaram um efeito devastador nos ânimos à bordo. “Nas últimas horas a situação, que por si só já era dramática, ficou insustentável e corremos o risco de viver uma tragédia”, assinalou por telefone do navio.
Di Benedetto, que elaborou o relatório médico que permitiu a retirada de cinco pessoas com seus familiares na quinta-feira à tarde por sofrimento psicológico extremo, contou que à medida que o tempo passa a situação se torna mais crítica: nas últimas horas, registrou “comportamentos agressivos” entre alguns passageiros, tomados pelo desespero. “Houve uma tentativa de suicídio e um pequeno grupo de passageiros tentou se jogar no mar”, afirmou. Ele apontou que “as retiradas em pequenos grupos agravaram a raiva e a frustração dos que continuam a bordo, que pedem constantemente para ser evacuados”. E alertou: “Já é hora de que todos desçam”.
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Lorena Pacho, El País, Lampedusa, 16/08/2019, 18:19 hs
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