O pensamento vem de fora: tal frase condensa algumas posições epistemológicas e políticas sobre 1- a relação do cérebro com a mente e com o mundo; o cérebro está no mundo (cosmos) e não o contrário. 2- a distinção conceitual entre cérebro e mente, já que o cérebro, em que pese a sua importância anátomo-fisiológica, é um processador dos fluxos de fora, e apenas (e é muita coisa)"dá linha"como diz Bergson. 3- o pensamento não é uma espécie de "secreção" do cérebro. Se assim fosse, de nada valeria o enunciado de que quando o cérebro "chegou" (bem entendido, um órgão)o universo já estava aí. Anti-humanismo. De um golpe, se você retira o universo, não sobra nada. Não há cérebro, pelo menos o cérebro que a medicina entronizou e nele investe como mercadoria de primeira. 4-as crenças, os juízos, os valores, os códigos sociais, os territórios de sentido, os afetos, tudo vem de fora porque tudo é força e da reunião das forças, surgem os poderes. 5-portanto, deste enunciado ("o pensamento vem de fora") desembocamos no "nosso" enfrentamento irrecusável com o poder; daí os modos de subjetivação serem modos de resistir ao poder, confrontar-se com ele talvez com a criação de algo singular. Devires! 6-De todo modo, a problemática em saúde mental, tanto para os usuários quando para os não-usuários atravessa o combate (explícito ou velado) com o poder. A clínica exemplifica isso, a clínica "exige isso".
A.M.
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