PRIMO LEVI : É ISSO UM HOMEM?
A transformação do jovem químico italiano Primo Levi em escritor não aconteceu depois de dez anos de solidão na montanha, tampouco se deveu ao conhecimento da morte de Deus (“Há Auschwitz, logo não pode haver Deus”, ele disse). Foi durante os 11 meses no inferno do campo de extermínio que ele começou a se tornar o autor que nos comove a cada página. Pensar os campos, interrogá-los todos os dias. Primo Levi, prisioneiro número 174517, prescinde da fala heroica para nos aproximar do seu tema. Salvou-se por uma série de circunstâncias: a habilidade profissional, útil no laboratório nazista, o conhecimento da língua alemã, a generosidade do prato de comida diário que lhe dava outro prisioneiro. Até o fim da vida escreveu sobre isso, até mesmo quando escrevia sobre outras coisas.
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Heliete Vaitsman, Época, 04/08/2019, 17:27 hs
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